domingo, 4 de setembro de 2011

De saída

                                                                    Imagem do google

Li uma minicrônica (¹) que falava da tristeza que deve sentir o analfabeto, que não conhece a delícia de saber ler. Mas não pura e simplesmente ler e, sim, ler um jornal, uma revista, um livro... Sabe onde? No banheiro! Isso mesmo! Ler no trono. Dizem que tudo que entra sai, e por que não aproveitar esse sublime momento para uma boa leitura?

Quem leu “Sete Anos no Tibete” (²), haverá de lembrar-se da cena dos vários monges agachados, ao mesmo tempo, para defecar. Os monges aproveitam qualquer oportunidade, por mais trivial, para se aproximar da essência luminosa, atribuída, por Buda, ao ser humano. Por que não apreciar a graça desse momento?!...

É tão importante o funcionamento final do tubo digestivo, quanto do seu início. Quem presta atenção ao que ingere, curtindo cada garfada que leva à boca, esperando engolir primeiro para, depois, encher o garfo com nova carga, certamente estará atento ao funcionamento rotineiro e, quando saudável, diário, de seus intestinos. Quem já cuidou de bebês há de lembrar-se da importância desse momento. Tem mãe que chega a ter a face iluminada ao enaltecer a produção do seu bebê para quem (pobre vítima) está por ali para ouvir. Felizmente, logo aquele pequerrucho, que no início da vida mais parece um tubo-digestivo-berrante, logo passa a controlar seus esfíncteres e a dar conta, sozinho, do recado da eliminação e da sua própria limpeza.

Se alguém, de saída, achou essa crônica suja ou nojenta, experimente levar uma companhia de letras na próxima vez que for ao trono. Ou, para ficar mais enfezado, experimente passar vários dias sem ir lá.



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(¹) Confira a excelente minicrônica da escritora LINANDRE, “Pobres Analfabetos”, no Recanto das Letras: http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/3130868

(²) Romance autobiográfico de HEINRICH HARRER.

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